top of page
Buscar
Foto do escritorEdson Bündchen

Agora, não mais amanhã!

O ambiente político brasileiro encontra-se bastante contaminado pela polarização extremada que, dentre suas várias consequências, impede que se discutam mais detidamente as grandes questões que dizem respeito ao futuro do País. Enquanto perde-se tempo com ataques pessoais e discussões infrutíferas, a vida segue e as dificuldades não desaparecem por encanto, muito pelo contrário. O relógio não para e os problemas se agudizam, reclamando por crescente atenção, convidando ainda que se estabeleça um mínimo de racionalidade no debate para que uma agenda construtiva seja possível. Mesmo que existam avanços em alguns setores isolados, os números macroeconômicos e sociais são alarmantes e a base de tudo, a educação, sinaliza que existe uma imensa lacuna que deve ser tratada. Despidos de uma análise passional, os problemas precisam ser encarados com coragem e equilíbrio, já que as soluções requeridas não brotarão espontaneamente, mas de medidas concretas, de esforço concentrado, além de muita boa coordenação no sentido de preparar o Brasil, mesmo que tardiamente, para o cenário competitivo deste novo milênio. A atual transformação em curso no mundo é profunda e vem embalada por inovadores conceitos tecnológicos, formas inéditas de competição entre os países e um redesenho das forças geopolíticas, cujo entendimento preliminar é fundamental para uma abordagem correta. Assim, para que se avance, tanto o catastrofismo que muitos arvoram é contraproducente, como, em sentido contrário, imaginar que tudo está indo muito bem é igualmente equivocado.


Índices de inflação, desemprego e crescimento do PIB são variáveis fundamentais para compreender se os fundamentos macroeconômicos estão na direção certa. Entretanto, uma gestão adequada e um bom funcionamento da economia estão diretamente vinculados a nossa capacidade de pensar melhor, de construir um diagnóstico correto da realidade e empreender as mudanças que a sociedade brasileira espera. Nesse sentido, existe um fator antecedente que precisa ser enfrentado de imediato, seja qual for a identidade política dos governantes. Não há nada mais urgente do que atacar de frente a nossa indigência intelectual, fruto do fracasso do sistema de ensino nacional. Estamos ficando para trás na corrida mais crítica do novo milênio: a corrida do conhecimento. Dados de uma pesquisa Ibope de 2018, apontam que somente 12% dos brasileiros podem ser considerados alfabetizados proficientes, ou seja, que são capazes de elaborar um pensamento de modo consistente e expressá-lo da mesma forma. Mais grave ainda, somente 34% dos alunos com nível superior são alfabetizados proficientes. Mesmo com exemplos de sucesso em algumas áreas, o fato é que os números gerais da educação brasileira continuam a impedir que alcancemos nosso pleno potencial. Esses dados, além de constrangedores, denotam que também estamos sendo incapazes de encaminhar soluções efetivas para esse problema fundamental, seja por inépcia, seja por falta de prioridade ou por puro descaso.


O precário quadro da educação brasileira encontra-se na raiz de nossos problemas mais agudos, comprometendo boas escolhas políticas, maior consciência para o combate à corrupção, uma defesa mais ativa da democracia e tantas outras consequências nefastas decorrentes desse infortúnio. Mudar esse panorama não é, porém, uma tarefa simples, pois muito já foi dito e muito pouco foi executado. Presos até agora a um modelo ineficiente, falta-nos massa crítica para endossar a mudança necessária. Essa vontade política deve ser organicamente construída, mas não pode prescindir de uma liderança nacional vocacionada a reconhecer a gravidade da situação. Frente à emergência da sociedade do conhecimento em escala planetária, talvez em tempo algum, a importância da educação em nosso País tenha atingido tamanha dimensão estratégica. Em contraste ao aviltamento dos resultados efetivos que tristemente assistimos, impõe-se um agir imediato, responsável e imprescindível, agora, não mais amanhã!

4 visualizações0 comentário

Comments


bottom of page